segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Crítica: Salt

Angelina Jolie é Jason Bourne de saia.

Mulheres nos filmes de ação é uma soma de um rosto bonito e curvas sensuais em movimento. É uma tara sexual - masculina realizada (até meio masoquista, vendo uma mulher batendo em um bando de marmanjos) e um objeto de conquista e prazer feminino (com as mulheres no comando). Aliando tudo isso, Hollywood enxergou aí uma forma de conquistar toda uma platéia de uma vez.

Um dos mais badalados lançamentos deste segmento este ano é "Salt", filme de espionagem protagonizado por Angelina Jolie.
O filme já começou a ganhar fama pelo seus problemas na pré-produção. O roteirista Kurt Wimmer havia concebido o personagem especialmente para Tom Cruise que recusou de cara por achar tudo parecido demais com o que já havia feito na franquia Missão Impossível. Com Cruise fora do barco, o personagem foi proposto para Robert Downey Jr. e Brad Pitt, sendo negado por ambos. Foi então quando o papel foi oferecido a Sra. Pitt e logo aceito. Assim, a história teve de ser reescrita para ser vivida por uma mulher.

Em seus minutos inciais, a história começa dois anos antes na Coréia do Norte mostrando as torturas sofridas por um espião e as negociações de trocas numa convincente cena. Logo após somos apresentados aos dias atuais mostrando a rotina de Evelyn Salt, a vida com seu marido e em seu trabalho. Salt é agente da CIA especialista em interrogatórios. Num confronto verbal com um desertor russo, sua integridade é colocada em prova sendo acusada de ser uma espiã russa infiltrada. Os outros agentes não sabem em quem acreditar. Evelyn então está disposta a provar sua inocência enfrentando tudo e a todos.


A partir deste ponto, o filme entra num ritmo de ação insano e frenético. Angelina Jolie bate, luta, pula, gira numa abusada dose de adrenalina que é sentida por quem está assistindo. São cenas vibrantes, bem conduzidas e empolgantes. E está aqui um dos grandes trunfos do filme. Não seria exagero nenhum dizer que em 'Salt' temos umas das melhores cenas de ação do ano. Tudo que vemos, por mais mentiroso que seja, convence. As perseguições nas ruas e rodovias são de tirar o fôlego.

Outro ponto positivo é sua protagonista. Angelina Jolie se consagrou mundialmente com a heroína Lara Croft no razoável Tomb Raider (o 2 é melhor ser esquecido de vez) que até hoje é a maior bilheteria de uma adaptação de um jogo. Assim, ela se tornou requistada e visada em todo filme de ação encabeçado por uma mulher. Fez bonito em 'Sr. & Sra. Smith' e brilhou no ótimo 'O Procurado'. Aqui Angelina simplesmente nos mostra uma agradável evolução. Temos uma atuação forte, precisa, que vai além das caras e bocas usuais. Ela encarna o papel com uma verocidade incrível.
No elenco ainda temos Liev Schreiber e Chiwetel Ejiofor que cumprem seus papéis muito bem.

A direção de Philip Noyce também merece destaque. O diretor demonstra um trabalho primoroso. Jogo de câmeras preciso e closes que conseguem elevar toda a beleza de Jolie a um patamar máximo.
Ainda temos uma trilha sonora empolgante e uma direção de fotografia belíssima.
O roteiro bebe da mesma fonte da trilogia Bourne. Consegue aliar ação abusiva a uma história interessante com um desenvolvimento satisfatório . Mas infelizmente soa meio confuso em certas partes e com certa previsibilidade em sua reta final e o excesso de flashbacks as vezes incomoda.

Salt é um bom filme de ação. Prova que fez direito a lição de casa. Bem conduzido e realizado, mescla a charmosa beleza de Angelina Jolie com cenas de ação de saltar os olhos e prova mais uma vez que as mulheres protagonizando tais projetos está cada vez mais interessante.

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